2006-01-07

Selecção do suplemento "Mil Folhas" do jornal "Público"

Rita Pimenta assina um artigo no suplemento "Mil Folhas" do Público que passo a citar, pelo seu manifesto interesse pedagógico:

"Durante 2005, aqui se publicaram dez "letras pequenas". No primeiro sábado de cada mês do ano que há pouco terminou, procurou esta coluna dar a conhecer algumas obras editadas em Portugal para jovens leitores. Fez-se montra de quatro livros de escritores e ilustradores portugueses e de cinco obras de autores estrangeiros, ao mesmo tempo que se evitou repetir editoras e universos, para que a maior parte dos gostos, tendências e novidades fosse abrangida. Com a qualidade como imposição e a originalidade como critério, fizeram-se escolhas.
Somente no mês de Abril, em que o sábado que nos estava destinado (dia 2) coincidia com o 200.º aniversário de Hans Christian Andersen e se comemorava o Dia Internacional do Livro Infantil, se aproveitou para divulgar a mensagem anual que o International Board on Books for Young People espalha pelo mundo - para relembrar a importância dos livros e da leitura. Em Agosto, não houve Letra Pequena, o Mil Folhas foi de férias.
Neste primeiro número de 2006, em que se faz balanços do que se publicou e leu (espera-se!), optou-se por escolher entre as escolhas, perdoe-se o pleonasmo. Assim, dos nove títulos aqui divulgados, dois regressam a este espaço: "O Portador da Concha", de Chitra Banerjee Divakaruni (Dom Quixote), e "Escrito na Parede", de Ana Saldanha (Caminho).
Ambos com rapazes como protagonistas, narram histórias e vidas bastante diferentes. "O Portador da Concha" decorre em Calcutá e "Escrito na Parede" deambula pelas ruas da cidade do Porto. Há magia no primeiro, há realidade no segundo. Nos dois, emoção e talento. "À procura do vale de prata" e "Pintar um grito" foram os títulos dados aos textos que acompanharam a divulgação dos livros (um em Setembro, outro já em Novembro). Fica-se decerto mais atento ao mundo depois de se ler estas obras, mesmo que a juventude do leitor já lá vá.
Num ano em que se comemorou o bicentenário do nascimento de Christian Andersen e o centenário da morte de Júlio Verne, a literatura para crianças e jovens ganhou uma visibilidade maior e até um novo impulso, para o que também contribuiu o lançamento do penúltimo título da saga Harry Potter. O mercado animou-se e os adultos começaram a prestar atenção ao que se edita para os mais novos.
Nem tudo o que se publicou por aí valeu a pena, mas ainda bem que há milhões de miúdos a olhar para palavras e imagens que dançam em páginas de papel."